quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

ídolos


Numa leitura ocasional pelo jornal que já não recordo ser o notícias ou outro, deparei com um artigo/carta numa última página e que me surpreendeu!
Não é normal, haver sequer alguém que partilhe a minha opinião sobre a manipulação televisiva, a falta de nível e credibilidade que merece um programa como os “ídolos”.
De facto julgo até ser raro nesta imensidão de mediocridade, haver quem tenha a consciência clara, por um lado do que é realmente o programa, e da responsabilidade e consequência que a existência deste tem no panorama cultural português.
Se analisarmos pelo lado da mediatização, exploração de emoções e sentimentos, encenação, instrumentalização do poder mediático da televisão, o programa ídolos a par das incontáveis novelas, é sem dúvida uma máquina bem desenhada, que surte os efeitos e objectivos para a qual foi concebida.
Resta ter atenção que os níveis de audiência, e objectivamente os lucros deste produto, não são para os “Artistas” descobertos e uma carreira pessoal a cimentar, mas sim para encher bolsos de um qualquer agente ou, salvaguardados os direitos nas mãos de alguém que não o artista, que sem escrúpulos, aproveita esta mediatização.
Se analisarmos de facto o que se passa temos:
Um grupo infindável de pretensos artistas, de onde, surgem valores inquestionáveis, vozes com um poder, uma qualidade, um potencial, um vibrato, uma projecção, uma postura de palco e inúmeras qualidades, estas, que deveriam ser valorizadas e premiadas. Resultado- nenhum deste chega a receber os louros a que deveria ter direito.
Um programa de perfeita manipulação de sentimentos, encenado, “artistazinhos
” ensaiados de tal forma, que qualquer “Zé cabra”, com muito trabalho passaria por ter direito a um projecto pessoal a solo. Não retiro a capacidade nem a qualidade quer individual e pontual de qualquer dos candidatos ou dos finalistas. Nalguma coisa merecem o seu mérito. O que está em causa é de facto terem sido eleitos como - os melhores dos melhores no panorama nacional, prometedoras vedetas e referências musicais.
Sobre isto tenho de facto uma posição clara e sem “papas na língua”, artistas como Rui Reininho, entre muitos, não são de facto excelentes músicos ou até de qualquer qualidade vocal. São desafinados, sem colocação de voz, sem projecção de voz, sem harmonia no que fazem, letras não metricamente correctas ou até poesias que não são mais do que um jogo de palavras sem sentido, pois nem eles sabem bem explicar a eloquência das suas próprias letras escritas.
Mas, pelo projecto, pela carreira, por um todo que não é certamente a sua voz, até pelo poder económico ou “lobbies instalados”, marcam uma identidade, constroem eles próprios um projecto musical.
Recordo aqui artistas como Pedro Abrunhosa ou Rui Veloso, que, ou vendem a sua casa e constroem o seu projecto porque acreditam nele e com todo o mérito já reconhecido, ou vão para a dita “capital”, pois só ali se podem consagrar.
Gostava mesmo era ver estes Grandes artistas como o Rui Veloso, com a sua voz própria e não manipulada ou ensinada, de uma capacidade interpretativa, de uma carreira que ninguém se atreveria a questionar, a classificarem com seriedade os candidatos e não dois ou três arrogantes, sem qualquer credibilidade, capacidade e consciência da responsabilidade pública do seu trabalho!
Aqui não estamos a falar do mesmo! São artistas que vem do nada e são classificados pelas suas potencialidades, sejam elas quais forem… por isso a responsabilidade de, com seriedade apontar os defeitos e as qualidades, artísticas e vocais sob pena de, afinal…. Valer tudo em Portugal! O que interessa é ter umas boas pernas, ou ser sobrinho de alguém!
-Um canal que repetindo, alargando as emissões, sobrepondo o essencial e cultural, não só premeia o medíocre, como ofusca e anula a possibilidade de termos valores credíveis reconhecidos, esse sim com a dita qualidade para serem artistas pop ou outro estilo e ambiente musical.
-Um júri… (pausa), que numa primeira fase, selecciona sem critérios credíveis e desatento aos verdadeiros potenciais dos candidatos. Serve apenas um propósito: recolher imagens para uma produção com objectivos mediáticos e vendáveis, claros e definidos.
“Não tem voz nenhuma”, “nunca serás artista”, “a tua voz não vai lá!”, “desafinas muito”… o que é isto??... ou terei eu problemas de ouvido?.. estarei a ouvir a mesma voz?... e se colocassem a voz directa e não manipulada?, sabem que há formas de afinar em tempo pequenas desafinações?... Sabem que pelo espectro, para quem não tem ouvido para isso, vê-se quem dá todas as notas “ao lado”, (significa ás vezes ¼ de tom para baixo ou para cima), em compassos atrasados, tempos incertos, entradas erradas! Aportamentos que serviriam o para interpretação ou para ligação das notas e não por insegurança na colocação da voz, andando por vezes á procura do tom!!!
Numa segunda fase, este júri, argumenta critérios que podem não ser os de qualidade vocal e interpretativa, pois o artista pop… pode nascer do nada,.. desde que tenha carisma”….
Numa ultima fase, refugiando-se em apreciações verdadeiramente escandalosas: foi a melhor interpretação de sempre… és um valor inquestionável, um domínio de voz!!!...
Para quem é musico, ou de facto sou muito desafinado e não percebo nada disto ou a incompetência saloia mas a convicção das palavras do júri consegue colocar-me numa posição de dúvida existencial…
Por fim, o relegar a votação para o público pela falta de coragem de assumir as decisões e criticas ou avaliações pois talvez... lá no fundo… tenham consciência de que não são capazes de analisar e criticar rigorosamente e com critérios sérios os candidatos
De tantos que por ali passaram, não seria difícil., com o mesmo trabalho e dedicação, encontrar apenas um punhado de 100 candidatos melhores que os finalistas.
-Um tal de Filipe, que sem postura, acanhado e sem “á vontade”, apenas merece palmas quando estica a voz, berrando gritos de dor, sem colocação de voz, sem vibrato, sem domínio de aportamentos, etc… Como é isto possível?
Só porque tem os olhos verdes ou azuis que a minha filha tanto gosta e caiu nas graças de uma brasileira que de nada percebe de música nem de postura, nem de aparência, basta olhar as ridículas indumentárias… será que ninguém vê isto? Ou estamos perante uma massa de “parolos”, que tudo que vêem na televisão deve estar na moda!!??
Querem músicos brasileiros com qualidade e competência para julgar? Tenho muitos á minha volta que posso sugerir, e escolhem uma ridícula figura para classificar não sei o quê!!...
Cuidado, que os brasileiros que conheço e com quem me dou, são mesmo bons e no que respeita á musica… não iriam cair em hipocrisias… talvez até despedissem o próprio júri!!!...
Bem, concluindo, caro Luís, obrigado pela sua crítica e opinião, pois obriga-me a dar também a minha e em tom de desabafo, poder dizer… afinal não estou só!!...
Eleve-se a cultura musical e identidade nacional, se bem que não acredito na consequência das nossas palavras.
Como a história ensina, tudo se passa em épocas e gerações, demorando às vezes séculos para voltar atrás. Isto é assim na arquitectura e nas artes em geral, na política, na economia, na religião…
E è necessário bater fundo, levar ao limite, para haver uma revolução e levar as pessoas á consciência que afinal estamos no caminho errado.
Vivemos uma época de novelas e ídolos, e concluo que afinal, o tempo atraiçoou-me, eu deveria ou ter nascido antes ou esperado mais duas gerações, pois a realidade cultural em que me insiro não é de facto a minha.

nuno oliveira montalto, arquitecto, professor e músico( mau pelos vistos pois não percebo nada de musica nem de critérios de qualidade).

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Musica no natal

A música iniciou e reflectiu inúmeros sentimentos, expressões, cores e ritmos.
Através da música povos procuram a sua identidade, reflectem-na, criam rituais.
Com ela rezam, com ela se alegram e expressam o seu mais duro pesar.
A própria escrita, não é isenta de música e de ritmo. È lida de uma forma pausada, agressiva, tranquila, métrica, elevada ou popular. Entoam-se frases e cantam-se as palavras-chave de uma qualquer estrofe.

E porque esta época e suas músicas dizem menos do que tantos e infindáveis temas e poemas que reflectem a nossa identidade pela negativa ou positiva, aqui ficam algumas estrofes de várias músicas para cantar no natal sem necessariamente recorrer a letras importadas que vendem prendas num qualquer centro comercial.

Esta carta será a derradeira
Que eu te escreverei de amor embora
Eu sinta a dor suprema de quem chora
O mal que me consome a vida inteira

Quando eu morrer rosas brancas
Para mim ninguém as corte
Quem as não teve na vida
De que lhe servem na morte

Saudade aí ò saudade
Quem me dera não as ter
Só quem tem saudades sabe
O que elas fazem sofrer

Este parte, aquela parte
E todos, todos se vão
Ò terra, ficas sem homens
Que possam cortar teu pão

È natal é natal, vamos a Belém
E cantar e cantar, o menino vem
Vem salvar vem salvar quem não é ninguém
E levar e levar quem não tem vintém

È preciso acreditar, é preciso acreditar
Que o sorriso de quem passa é um bem p´ra se guardar
Que é luar o sol de graça que nos vem alumiar
Com amor a alumiar
Dizem que as mães querem mais
Ao filho que mais mal faz
Por isso te quero tanto
E tantas mágoas me dás

Lágrimas que a gente chora
E sufocam nossos ais
Deixai-as lá ir embora
Que elas vão, não voltem mais.

Se os meus olhos te incomodam
Quando estou à tua frente
Eu prometo arrancá-los
Pr’a te amar cegamente

Ave Maria são beijos
Padres nossos são abraços
Rosários os meus desejos
A cruz é abrir-me os braços

Anda bem triste o amigo
Uma carta o fez chorar
O soldadinho não vota
Do outro lado do mar

E foi nessa noite negra
Que a promessa ele quis vingar
Que o mar o barco levou
Prá minha alma ali ficar


E por fim, para rematar uma musica que com tantos anos será a mais actual e mais descritiva de uma sociedade em que vivemos.
Num gesto compositivo e poético de génio,
Luis Goes, escreve esta letra:

Lá longe, onde o sol aquece e chama
sem distinguir os homens dos meninos
Lá longe, onde não há nenhuma cama
que saiba que há amantes clandestinos

Lá longe, onde a vida não arrasas
Ó maldição dos Deuses pequeninos
Lá longe, talvez o amor encontre casa
Lá longe, Lá longe

Lá longe, onde a terra ainda deixe
bichos e homens livres pelas matas
Lá longe, onde as gaivotas comem peixes
Mas não na esteira turva das fragatas

Lá longe, onde não tereis futuro
ó vendilhões da água das cascatas
Lá longe, talvez o amor possa ser puro
Lá longe Lá longe

Bom natal e a melhor prenda que podem ter e dar, a vós e aos outros é uma musica!
Ela encerra em si a paixão, o sentimento e acima de tudo, não trás a hipocrisia e o sentimento mais deturpado do que é realmente o Natal

terça-feira, 16 de setembro de 2008

nunomontalto Jazz

A presentação do Projecto

nunomontalto- quinteto Jazz

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

nuno montalto em concerto
…O concerto é algo com que todos sonhamos desde o inicio, para isso temos preparado alguns temas, com a coreografia, cenários etc., que se inicialmente se trataria de um capricho logo se tornou realidade estando assim em curso os ensaios necessários à apresentação do mesmo projecto “nuno montalto em concerto”. Com a edição do Cd “Feelings” e com o cenário da casa das artes de Famalicão, logo se desenhou o grande concerto. “Madame Buterfly”, entre outros temas inspira a introdução de uma coreografia onde Bianca Tavares, com as suas alunas; Marta Matos, Inês Sousa e Rita Castro deu cor ao plano traçado.Nesta formação, não só a presença de João frade no acordeão, sempre indispensável pela sonoridade que procuramos, mas menos dispensável a presença dos metais e cordas de que é exemplo o disco “Feelings” e que procuramos em palco traduzir na formação de concerto.
Quinteto Jazz
…O quinteto foi a base do projecto, depois da gravação e com os primeiros desenhos do que pretendíamos para o projecto (com Giovani), convidamos os elementos que pensamos como residentes não obstante pensarmos sempre no projecto como um todo e com a participação de outros elementos. Assim na formação de quinteto, um desenho musical um pouco diferente mas uma base para o projecto “nuno montalto em concerto”. Numa formação de: Voz; piano acústico; contrabaixo; guitarra e bateria, tive o privilégio de ter contado já com a presença de grandes nomes como, Giovani Goulart e Peter Schon ao piano; Zé Lima no contrabaixo; Cláudio Kumar, Edie Goltz, ou Tuniko Goulart na guitarra e Tó torres, ou Leandro Silva na bateria. Ainda, nesta formação a presença do João Frade confere a sonoridade que procurei quando desenhamos este projecto.
nunomontalto
Nuno Mário Costa Oliveira (Montalto), nasce em 1968, descrevendo o seu percurso académico na área da arquitectura e dedicando parte do seu exercício profissional ao ensino, onde em Coimbra lecciona na E.U.A.C., Escola Superior de Artes de Coimbra, na área de arquitectura.Mas é na música e pela música que encontra o seu lado de realização pessoal e individual.Sobe aos palcos com 13 anos interpretando um “standard”, marcando assim o início do seu percurso acompanhado do Famalicense e Pianista, Professor Rui Mesquita.Ingressando na faculdade, envereda pela canção coimbrã onde encontra no fado de Coimbra a essência para a emotividade com que procura interpretar a sua música.Nunca deixando as baladas e standards clássicos, passa ainda pela música lírica e pela música latino-americana nos últimos anos, acompanhado a piano em concertos acústicos e música de ambiente.Apesar de alguns trabalhos discográficos dentro dos âmbitos musicais citados, espectáculos e digressões, nomeadamente Bélgica, Espanha, França, Itália, Inglaterra e Cabo verde, bem como a maior parte das casas de espectáculos deste país, retorna agora em ambiente de jazz com a mistura de alguma sensibilidade obtida por outros momentos musicais vividos anteriormente e que vê consagrado no presente Projecto. Desses momentos musicais citados, o fado, a morna, a musica latina, que em tempo académico ou pelo seu exercício profissional o levou a cantar por vários países acompanhado de grandes artistas, recorda com saudade amigos como Chico serra, Luís Morais, Ildo Lobo, entre outros, alguns já não fazendo parte do rol dos vivos mas que pelas suas sonoridades e camaradagem deixaram a marca que usa e inspira nas suas interpretações. Da morna ao fado, da canção popular à música erudita, numa perspectiva de fusão, este é o espaço que se pretende desenhar com este projecto, não obstante o ambiente Jazz como pano de fundo.
Projecto “nunomontalto, em concerto”.
Nuno Oliveira (Montalto), tendo trabalhos discográficos editados noutros ambientes musicais, passou pelo fado de Coimbra e pela música latino americana vendo no presente trabalho a realização musical e o retorno ao ambiente que o levara inicialmente aos palcos em 1982, na companhia do Famalicense e Pianista Rui Mesquita.Conhecendo Giovani Goulart e iniciando a gravação do primeiro CD neste ambiente musical “Feelings”, logo passa a desenvolver um projecto com o objectivo de apresentar nos grandes palcos um elenco seleccionado de músicos e uma qualidade abrilhantada que vê consagrada já nos primeiros passos do projecto.Desde a actuação no "Classic Jazz Bar", em Braga em Janeiro de 2005, ao ensaio geral no auditório da Casa das artes em Famalicão em 25 de Janeiro deste mesmo ano, ou outras apresentações ainda em forma de “quinteto”, o projecto apresentou-se com o elenco completo onde as cordas, os metais e toda uma equipe de apoio vieram qualificar e embelezar a base musical.Assim se preparou o grande espectáculo para a apresentação do trabalho, O projecto Nuno Montalto “em concerto”.