sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Musica no natal

A música iniciou e reflectiu inúmeros sentimentos, expressões, cores e ritmos.
Através da música povos procuram a sua identidade, reflectem-na, criam rituais.
Com ela rezam, com ela se alegram e expressam o seu mais duro pesar.
A própria escrita, não é isenta de música e de ritmo. È lida de uma forma pausada, agressiva, tranquila, métrica, elevada ou popular. Entoam-se frases e cantam-se as palavras-chave de uma qualquer estrofe.

E porque esta época e suas músicas dizem menos do que tantos e infindáveis temas e poemas que reflectem a nossa identidade pela negativa ou positiva, aqui ficam algumas estrofes de várias músicas para cantar no natal sem necessariamente recorrer a letras importadas que vendem prendas num qualquer centro comercial.

Esta carta será a derradeira
Que eu te escreverei de amor embora
Eu sinta a dor suprema de quem chora
O mal que me consome a vida inteira

Quando eu morrer rosas brancas
Para mim ninguém as corte
Quem as não teve na vida
De que lhe servem na morte

Saudade aí ò saudade
Quem me dera não as ter
Só quem tem saudades sabe
O que elas fazem sofrer

Este parte, aquela parte
E todos, todos se vão
Ò terra, ficas sem homens
Que possam cortar teu pão

È natal é natal, vamos a Belém
E cantar e cantar, o menino vem
Vem salvar vem salvar quem não é ninguém
E levar e levar quem não tem vintém

È preciso acreditar, é preciso acreditar
Que o sorriso de quem passa é um bem p´ra se guardar
Que é luar o sol de graça que nos vem alumiar
Com amor a alumiar
Dizem que as mães querem mais
Ao filho que mais mal faz
Por isso te quero tanto
E tantas mágoas me dás

Lágrimas que a gente chora
E sufocam nossos ais
Deixai-as lá ir embora
Que elas vão, não voltem mais.

Se os meus olhos te incomodam
Quando estou à tua frente
Eu prometo arrancá-los
Pr’a te amar cegamente

Ave Maria são beijos
Padres nossos são abraços
Rosários os meus desejos
A cruz é abrir-me os braços

Anda bem triste o amigo
Uma carta o fez chorar
O soldadinho não vota
Do outro lado do mar

E foi nessa noite negra
Que a promessa ele quis vingar
Que o mar o barco levou
Prá minha alma ali ficar


E por fim, para rematar uma musica que com tantos anos será a mais actual e mais descritiva de uma sociedade em que vivemos.
Num gesto compositivo e poético de génio,
Luis Goes, escreve esta letra:

Lá longe, onde o sol aquece e chama
sem distinguir os homens dos meninos
Lá longe, onde não há nenhuma cama
que saiba que há amantes clandestinos

Lá longe, onde a vida não arrasas
Ó maldição dos Deuses pequeninos
Lá longe, talvez o amor encontre casa
Lá longe, Lá longe

Lá longe, onde a terra ainda deixe
bichos e homens livres pelas matas
Lá longe, onde as gaivotas comem peixes
Mas não na esteira turva das fragatas

Lá longe, onde não tereis futuro
ó vendilhões da água das cascatas
Lá longe, talvez o amor possa ser puro
Lá longe Lá longe

Bom natal e a melhor prenda que podem ter e dar, a vós e aos outros é uma musica!
Ela encerra em si a paixão, o sentimento e acima de tudo, não trás a hipocrisia e o sentimento mais deturpado do que é realmente o Natal